Esporte amigo da longevidade
01 de julho de 2019
"Eu não uso vaga preferencial. Deixo isso para as pessoas mais velhas." Aos 95 anos, Anton Karl Biedermann, explica assim o porquê de não aproveitar as vantagens que a idade oferece. Há poucos meses, estabeleceu o novo recorde mundial para o nado costas masculino na faixa etária. Venceu todas as quatro provas na categoria 95+, no 63° Campeonato Brasileiro de Masters de Natação, representando o GNU.
Acordar cedo diariamente nadar 2 mil metros é a rotina de Biedermann seis dias na semana e, três vezes, ainda faz academia. Nada mal para um garoto que teve a infância frágil. Nascido em Rio Grande, em 1924, ele conta que a cidade tinha o maior número de casos de tuberculose do país. “Onze filhos de vizinhos nossos morreram com a doença”, lamenta. Ele próprio enfrentou a enfermidade.
Como tudo começou
Quando estava com dez anos, a família mudou-se para São Paulo. A saída do clima desfavorável em Rio Grande coincidiu com a decisão da mãe de praticar atividades físicas com os filhos. “Tinha um programa na Rádio Nacional em que o locutor dava o ritmo da ginástica ao som de piano ao vivo. Tínhamos uns mapas grandes com imagens de cada movimento. E fazíamos os exercícios”.
Foi assim que começou a vida do esportista. Outra medida de Alice, mãe de Biedermann, foi matricular os filhos em aulas de natação. “Escondido do pai, pois, na época, fazer exercícios era tido como prejudicial ao coração”, lembra. “Foi maravilhoso, pois eu sempre quis nadar como o Tarzan”, conta, referindo-se ao campeão olímpico Johnny Weissmuller, que interpretava o homem da selva nos filmes.
O tino para competição surgiu pouco depois quando a família mudou-se para Jundiaí. Ali iniciava a trajetória campeã. Representando a Associação Esportiva Jundiaiense, conquistou o título de vice-campeão estadual na categoria aspirantes. De volta ao RS, buscou um clube para continuar com o esporte que aprendera a amar.
Simpatizando com o Grêmio Náutico União, tornou-se sócio-atleta. Os resultados ao longo dos anos são reconhecidos. Só em medalhas de ouro recebidas em competições nacionais e internacionais (sem contar as regionais), são 157.
A importância da atividade física para a saúde em qualquer idade
Portador de diabetes e safenado há dez anos, Biedermann ouviu dos médicos que, se não praticasse esportes, já teria morrido 20 anos antes. E um detalhe interessante: 30 dias após a cirurgia no coração já estava nadando novamente.
E 60 dias depois, ganhou um campeonato. “Iniciei a recuperação depois da cirurgia fazendo esteira, no anexo da clínica médica. Reparei que não tinha ninguém além de mim.” O médico fazia centenas de cirurgias por ano. “Perguntei onde estavam todos. O preparador físico disse que as pessoas não vão, pois têm medo, o que é um erro.”
Biedermann, que guardou na gaveta o sonho de ser médico, é um estudioso de temas ligados à saúde. “A atividade física é fundamental, não só para o corpo. Há artigos sobre a influência do exercício até na prevenção ao Mal de Alzheimer.”
Além do corpo e do cérebro, o exercício físico faz bem para a alma e, na terceira idade, isso é ainda mais importante. “O estresse se instala para todos em diferentes momentos. No meu caso, quando eu entrava na água para nadar ou remar, aquela nuvem se dissipava.”
GNU disponibiliza Ginástica Especial
A educadora física e fisioterapeuta Adalgisa Farina trabalha com o grupo da Ginástica Especial no GNU há 27 anos. De lá para cá, teve milhares de alunos. O grupo atende pessoas a partir de 45 anos, sem limite máximo de idade.
Os encontros acontecem às terças e quintas, em duas turmas, na sede Moinhos de Vento. As atividades têm duração de uma hora e meia. “Iniciamos com exercício aeróbico: caminhada de 40 minutos. Depois, fazemos a ginástica terapêutica, que consiste em alongamento e reforço muscular.”
Gisa, como é conhecida pelos alunos, afirma que as pessoas procuram o grupo por dois motivos principais que são a atividade física e o convívio social. “Eles vêm para encontrar amigas ou amigos. É uma turma mista, mas percebemos historicamente a presença maior de mulheres."
Ela tem cinco alunos na casa dos 84 anos. “São pessoas longevas, que viram na atividade física uma vantagem. Fazem um programa de ginástica com a intenção de permanecer bem.”
E ela não pega leve com os alunos. As aulas são realizadas com exercícios no colchonete, no chão. Todos sentam, deitam e levantam sozinhos. Os pesos são estabelecidos conforme a condição de cada um. “Tem um bem-estar geral, com o passar dos anos, os alunos permanecem independentes”, comemora.
Maria Terezinha Sentinger tem 84 anos e participa da turma de Ginástica Especial desde a criação do grupo, no início dos anos 90. “Eu já fazia ginástica no União, depois que me aposentei. Mas com o novo grupo, dedicado a pessoas da terceira idade me encaixei e não parei mais”.
Ela, que foi atleta de Natação do Clube quando jovem, entende que a atividade física é o trunfo da boa saúde. “Eu tenho disposição, alegria e faço tudo sozinha. Nunca fico doente!” Ela aconselha a todos os sócios que participem das atividades, que vão além dos dois encontros semanais. “De vez em quando, fazemos jantares, chás, viajamos juntos. Vale muito a pena”, diz.
Unionistas têm atividades para diferentes perfis
O GNU tem oportunidades para diferentes perfis de pessoas mais velhas que querem continuar se movimentando. Além da Ginástica Especial, o Grupo da Maior idade encontra-se duas vezes por semana, na sede Alto Petrópolis. As reuniões têm programação diferente na terça e na quinta.
Nos dois dias começam com atividade física por uma hora. Na terça, acontece um bate-papo sobre diferentes áreas. “A cada semana, trazemos profissionais como médicos, psicólogos, advogados e fisioterapeutas”, explica Cláudia Dias, produtora responsável pelo Grupo.
Já na quinta-feira, também após a atividade em movimento, é realizada uma dinâmica conduzida pela equipe de psicólogos do clube. Temas da atualidade ou assuntos que fazem parte da realidade dos participantes são debatidos entre eles, com a intermediação dos psicólogos. “Também são levadas músicas, filmes, livros, falam sobre sentimentos e coisas internas do ser humano.”
Acordar cedo diariamente nadar 2 mil metros é a rotina de Biedermann seis dias na semana e, três vezes, ainda faz academia. Nada mal para um garoto que teve a infância frágil. Nascido em Rio Grande, em 1924, ele conta que a cidade tinha o maior número de casos de tuberculose do país. “Onze filhos de vizinhos nossos morreram com a doença”, lamenta. Ele próprio enfrentou a enfermidade.
Como tudo começou
Quando estava com dez anos, a família mudou-se para São Paulo. A saída do clima desfavorável em Rio Grande coincidiu com a decisão da mãe de praticar atividades físicas com os filhos. “Tinha um programa na Rádio Nacional em que o locutor dava o ritmo da ginástica ao som de piano ao vivo. Tínhamos uns mapas grandes com imagens de cada movimento. E fazíamos os exercícios”.
Foi assim que começou a vida do esportista. Outra medida de Alice, mãe de Biedermann, foi matricular os filhos em aulas de natação. “Escondido do pai, pois, na época, fazer exercícios era tido como prejudicial ao coração”, lembra. “Foi maravilhoso, pois eu sempre quis nadar como o Tarzan”, conta, referindo-se ao campeão olímpico Johnny Weissmuller, que interpretava o homem da selva nos filmes.
O tino para competição surgiu pouco depois quando a família mudou-se para Jundiaí. Ali iniciava a trajetória campeã. Representando a Associação Esportiva Jundiaiense, conquistou o título de vice-campeão estadual na categoria aspirantes. De volta ao RS, buscou um clube para continuar com o esporte que aprendera a amar.
Simpatizando com o Grêmio Náutico União, tornou-se sócio-atleta. Os resultados ao longo dos anos são reconhecidos. Só em medalhas de ouro recebidas em competições nacionais e internacionais (sem contar as regionais), são 157.
A importância da atividade física para a saúde em qualquer idade
Portador de diabetes e safenado há dez anos, Biedermann ouviu dos médicos que, se não praticasse esportes, já teria morrido 20 anos antes. E um detalhe interessante: 30 dias após a cirurgia no coração já estava nadando novamente.
E 60 dias depois, ganhou um campeonato. “Iniciei a recuperação depois da cirurgia fazendo esteira, no anexo da clínica médica. Reparei que não tinha ninguém além de mim.” O médico fazia centenas de cirurgias por ano. “Perguntei onde estavam todos. O preparador físico disse que as pessoas não vão, pois têm medo, o que é um erro.”
Biedermann, que guardou na gaveta o sonho de ser médico, é um estudioso de temas ligados à saúde. “A atividade física é fundamental, não só para o corpo. Há artigos sobre a influência do exercício até na prevenção ao Mal de Alzheimer.”
Além do corpo e do cérebro, o exercício físico faz bem para a alma e, na terceira idade, isso é ainda mais importante. “O estresse se instala para todos em diferentes momentos. No meu caso, quando eu entrava na água para nadar ou remar, aquela nuvem se dissipava.”
GNU disponibiliza Ginástica Especial
A educadora física e fisioterapeuta Adalgisa Farina trabalha com o grupo da Ginástica Especial no GNU há 27 anos. De lá para cá, teve milhares de alunos. O grupo atende pessoas a partir de 45 anos, sem limite máximo de idade.
Os encontros acontecem às terças e quintas, em duas turmas, na sede Moinhos de Vento. As atividades têm duração de uma hora e meia. “Iniciamos com exercício aeróbico: caminhada de 40 minutos. Depois, fazemos a ginástica terapêutica, que consiste em alongamento e reforço muscular.”
Gisa, como é conhecida pelos alunos, afirma que as pessoas procuram o grupo por dois motivos principais que são a atividade física e o convívio social. “Eles vêm para encontrar amigas ou amigos. É uma turma mista, mas percebemos historicamente a presença maior de mulheres."
Ela tem cinco alunos na casa dos 84 anos. “São pessoas longevas, que viram na atividade física uma vantagem. Fazem um programa de ginástica com a intenção de permanecer bem.”
E ela não pega leve com os alunos. As aulas são realizadas com exercícios no colchonete, no chão. Todos sentam, deitam e levantam sozinhos. Os pesos são estabelecidos conforme a condição de cada um. “Tem um bem-estar geral, com o passar dos anos, os alunos permanecem independentes”, comemora.
Maria Terezinha Sentinger tem 84 anos e participa da turma de Ginástica Especial desde a criação do grupo, no início dos anos 90. “Eu já fazia ginástica no União, depois que me aposentei. Mas com o novo grupo, dedicado a pessoas da terceira idade me encaixei e não parei mais”.
Ela, que foi atleta de Natação do Clube quando jovem, entende que a atividade física é o trunfo da boa saúde. “Eu tenho disposição, alegria e faço tudo sozinha. Nunca fico doente!” Ela aconselha a todos os sócios que participem das atividades, que vão além dos dois encontros semanais. “De vez em quando, fazemos jantares, chás, viajamos juntos. Vale muito a pena”, diz.
Unionistas têm atividades para diferentes perfis
O GNU tem oportunidades para diferentes perfis de pessoas mais velhas que querem continuar se movimentando. Além da Ginástica Especial, o Grupo da Maior idade encontra-se duas vezes por semana, na sede Alto Petrópolis. As reuniões têm programação diferente na terça e na quinta.
Nos dois dias começam com atividade física por uma hora. Na terça, acontece um bate-papo sobre diferentes áreas. “A cada semana, trazemos profissionais como médicos, psicólogos, advogados e fisioterapeutas”, explica Cláudia Dias, produtora responsável pelo Grupo.
Já na quinta-feira, também após a atividade em movimento, é realizada uma dinâmica conduzida pela equipe de psicólogos do clube. Temas da atualidade ou assuntos que fazem parte da realidade dos participantes são debatidos entre eles, com a intermediação dos psicólogos. “Também são levadas músicas, filmes, livros, falam sobre sentimentos e coisas internas do ser humano.”